ART - Instituto de Artes da Uerj

Pesquisa - Projetos

Prof. Dr. Jérôme Souty

Propõe-se a investigar o imaginário religioso no Brasil através das obras artísticas e documentais de cinco fotógrafos contemporâneos que trabalham com temáticas religiosas: Pierre Verger (1902-1996), Cláudia Andujar (1931-), Sebastião Salgado (1944-), Artur Omar (1948-) e José Bassit (1957).

Esses fotógrafos escolhidos são também artistas plásticos e/ou video-artistas e cineastas e/ou foto-jornalistas e/ou pesquisadores. A cultura contemporânea é sincrética. E na arte contemporâneaos trânsitos e trocas entre os meios são hoje práticas comuns. A relação entre arte e fotografia tornou-se um dos princípios reguladores do fazer artístico contemporâneo. Atualmente, não se pergunta mais se a fotografia é arte, mas se a arte trabalha fotograficamente. Nota-se que a dita "pós-fotografia", evoluindo no mundo digital, virtual, desvia o senso estabelecido da fotografia-documento (desvalorização das imagens-traço).

Esse caráter paradoxal e ambíguo da fotografia (uma forma híbrida que permanece entre a objetividade do documento e a subjetividade da expressão) é ainda mais acentuado quando se trata de manifestações religiosas, que tem a ver com a subjetividade, a interioridade, o invisível. As imagens que serão analisadas têm em comum uma tentativa de mostrar/testemunhar/sublimar uma experiência individual e/ou coletiva do sagrado. A semiologia ou a estética se afastaram deliberadamente da questão do corpo humano. Como mostrou a fenomenologia da percepção (Merleau Ponty, 1998), o corpo humano é e age como medium. Seguindo Belting (2004) e sua antropologia das imagens, consideramos o homem menos com o mestre das suas imagens, mas como o "lugar das imagens" que ocupam o seu corpo. É o homem que está no centro da configuração imagem-corpo-medium: ele produz imagens dentro de si mesmo (sonhos, lembranças, visões) tanto como fabrica e projeta outrasimagens no mundo (imagens artísticas, religiosas, artefatos, etc.), de maneira tangível e material.

Essas imagens são veículos de símbolos e suporte de gestos, estimuladores de pensamento e catalisadores de emoções. Muitas vezes, as imagens são inseparáveis da suas relações com a cultura e com a religião. Como mostra Clifford Geertz (1986), uma teoria da arte também é uma teoria da cultura. Nesse trabalho, além do imaginário do fotógrafo, das fotografias em si (composição, estética, dimensão documental) e da circulação social delas, estaremos sensíveis também ao papel e ao estatuto da "imagem" em cada cultura e culto particular.

Grupo de pesquisa:
NUCLEAR (Núcleo de Livres Estudos de Arte e Cultura Contemporânea)

Linha de pesquisa:
História e Crítica da Arte

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