ART - Instituto de Artes da Uerj

Pesquisa - Projetos

Prof. Dr. Marcelo Campos

Propõe estudos e a análises sobre reflexividades do objeto de arte. Buscam-se em distintas imagens e narrativas as condições que fundamentam objetos e sujeitos numa suposta arte contextual. A antropologia nos alerta que a ação artística está circunscrita a ethos e visões de mundo: etnicidades, gêneros, pós-colonialismos. O narrador assume instâncias de produtor de gestos, mantendo-se, muitas vezes, à margem do texto. Expõem-se pertencimentos socioculturais.
Arthur Danto nos alerta para uma contradição: ainda que um objeto crie um espelhamento, uma indiscernível aparência de realidade, o fato de um espelho específico ser uma obra de arte "tem muito pouco a ver com sua condição de espelho". A teoria da reflexividade, então, de que a arte seja um espelho voltado para a natureza, tornar-se-ia irrelevante. Mas, ao longo da história da arte, criaram-se grandes empreendimentos tanto para aproximar os objetos das concepções intra-estéticas, proclamando uma suposta autonomia da arte, quanto para aproximá-lo das concepções subjetivas, fazendo da declaração artística um lugar de projeção da primeira pessoa. Em alguns casos, a dimensão antropológica e a etnográfica das ações artísticas tornam-se fundamentais para deflagrar uma condição de pertencimento tanto sociocultural, quanto subjetiva. Ou seja, ainda que o artista queira dotar sua produção de concepções puramente formais, esta ação é circunscrita a um ethos e uma visão de mundo.
A obra, mesmo configurando sua própria realidade objectual, cria reflexividades. A condições materiais ou imateriais das propostas artísticas são, inevitavelmente, declarações subjetivas. Com isso, paralelamente às noções da autonomia da obra abriu-se espaço para a idéia de pertencimento. O autor, que segundo teóricos como Walter Benjamin, assumira a condição de produtor, hoje, passou a ser analisado como propositor de gestos, como nos termos de Agamben, mantendo-se, para Foucault, à margem do texto. Com isso, a banalização da materialidade da arte ou até mesmo sua desaparição, pode tratar de autoria e de subjetividade. O artista refaz a noção de auto-retrato se colocando como personagem, assumindo a primeira pessoa do discurso. Assim, o sujeito assume a posição sociocultural da etnicidade, do gênero, da sexualidade, do pós-colonialismo, etc. Há diversos relatos, declarações, diários de campo abertos, narrando a produção da arte contemporânea. O espelhamento narcisista abre campo para fabulações.

Grupo de pesquisa:
NUCLEAR (Núcleo de Livres Estudos de Arte e Cultura Contemporânea)

Linha de pesquisa:
História e Crítica da Arte

Equipe:
Adriana Barroso Botelho - mestranda PPGAV/EBA/UFRJ
Kátia Gorini - mestranda PPGAV/EBA/UFRJ
Igor Valente - graduando ART/UERJ

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